Tudo o que você precisa saber sobre ecossistema de inovação

Rogério Marques

20 fevereiro 2020 - 11:24 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:48

Um dos tópicos mais populares entre líderes empresariais é o ecossistema de inovação. É um contexto natural, já que, em meio à Era da transformação digital, é preciso saber como modernizar os processos e a cultura para se adequar às tendências de tecnologia.

O ecossistema, por si só, faz referência ao funcionamento de uma empresa na sua totalidade. Isso inclui a comunicação e integração entre setores, o relacionamento entre as equipes, as tomadas de decisão, o desenvolvimento de ideias, a força de trabalho e tudo mais que contribui para que os negócios aconteçam.

Quando incluímos a inovação, esse cenário converge para um modelo de empresa contemporânea. É onde há mais espaço para a participação dos colaboradores e melhores condições para a criação de ideias e projetos disruptivos.

Essas empresas entendem também que precisam buscar apoio de novos players, com modelos de negócio modernos e avançados, para aplicarem a transformação digital. Há várias startups que se destacam, transformando-se nas chamadas “unicórnios”, avaliadas acima de US$ 1 bilhão.

Mas por que os líderes debatem tanto a questão? Quais são as vantagens que eles buscam para suas empresas e o que esperam alcançar ao implementar uma cultura de inovação? É o que vamos desvendar a seguir!

A importância do ecossistema de inovação para os líderes

De forma geral, o grande diferencial de um ecossistema de inovação é que ele quebra a tradição das decisões centralizadas nas mãos dos líderes e permite que todos possam se envolver.

Essa desverticalização dos processos abre o campo das possibilidades para agregar valores de mercado em várias frentes. Ao estarem mais receptivos para as ideias e sugestões dos colaboradores, os líderes podem experimentar mais e remodelar as estratégias, expandindo portfólios e processos tecnológicos.

Mas o ecossistema por si só não envolve apenas os colaboradores e as equipes internas. Os líderes precisam aprender a trabalhar juntos com parceiros de outras empresas. Com a transformação digital, há vários projetos disruptivos prontos para receber incentivos.

Pegando o setor financeiro como exemplo, a concorrência pelos clientes aumentou diante da chegada das fintechs. Logo, os bancos se viram no desafio de buscar novas soluções para se manterem relevantes, como a abertura de contas digitais. Para isso, eles encontram em empresas de tecnologia os parceiros ideais para ajudá-los na missão de atender às novas demandas de mercado. 

Em longo prazo, as decisões conjuntas são a chave para trilhar um caminho com mais chances de sucesso. É como diz o ditado: duas cabeças pensam melhor do que uma. Ou seja, quanto mais pessoas participam ativamente do processo de inovação, mais ideias vencedoras podem surgir para alcançar os objetivos da empresa.

O que é preciso para construir um ecossistema de inovação?

A implementação de um ecossistema de inovação depende principalmente de uma abertura apropriada para que todos possam contribuir. Os colaboradores precisam se sentir à vontade para atuarem além da operacionalização do trabalho, saindo do típico processo robótico para propor projetos como tecnologias para o setor financeiro.

Os líderes devem entender como gerenciar as equipes e os projetos, bem como respeitar a expertise de cada pessoa nos seus campos de atuação. Enquanto o gestor apenas tem conhecimento em determinadas áreas, a ajuda de quem entende de fato de outros campos de atuação sempre vem a calhar.

A seguir, veja uma lista com as principais estratégias para incentivar um ecossistema de inovação e favorecer o processo de transformação digital!

Aceitar as falhas e os erros dos projetos

A primeira coisa que um bom líder precisa ter em mente é que nem todas as ideias serão eficazes ou relevantes. Porém, as melhores escolhas são tomadas em conjunto, quando o gestor se une à equipe para definir e filtrar as ideias mais promissoras.

Ainda assim, é preciso entender que a execução de um projeto só pode ser viabilizada a partir de testes constantes. Isso significa que somente depois de realizar várias tentativas é que será possível partir para a implementação.

Não é porque uma ideia se mostrou inviável em um primeiro momento que é necessariamente ruim. Muitas vezes, a equipe precisa de mais tempo para entender como deve executar o projeto, adaptando os processos para enfim alcançar o sucesso.

Dessa forma, os erros e fracassos no percurso podem apenas ser sinais de que as estratégias pedem uma reavaliação e atualização. Ou seja, as falhas podem ser boas para o projeto, já que ajudam a enxergar novos horizontes para que ele se torne escalável de fato.

Separar as equipes dos projetos

Preparar um ecossistema de inovação depende de como o líder gerencia as equipes e os projetos. Manter um padrão no relacionamento é essencial para que haja qualidade no trabalho e o resultado seja satisfatório.

Os gestores precisam estar preparados para lidar com diferentes projetos ao mesmo tempo. A criação de um portfólio depende da execução de vários projetos simultâneos, com times específicos para cada um deles.

Assim, o ecossistema depende de uma liderança que saiba dividir os investimentos entre cada ideia em andamento. Uma vez que algumas delas irão falhar, deve-se ter as métricas adequadas para acompanhar os progressos.

De acordo com os resultados, será mais fácil descobrir onde aplicar mais recursos para acelerar o desenvolvimento. Criar várias equipes de projetos é essencial para que a empresa não dependa apenas de uma estratégia, aumentando as chances de sucesso.

Incentivar e preparar o desenvolvimento

Para ter vários projetos em andamento, é necessário que o ecossistema esteja preparado para incentivar as ideias. Dessa forma, a empresa precisa fornecer uma infraestrutura adequada para que as equipes de inovação possam validar as propostas e identificar negócios promissores.

A Bosch, por exemplo, tem um programa de incubação tecnológica (Bosch Accelerator Program) que atrai várias equipes de desenvolvimento. Os financiamentos iniciais começam na faixa de € 120.000, com três meses para testar a viabilidade dos projetos. Se a ideia for realmente promissora, a equipe recebe investimento adicional.

Desde 2017, já foram incentivadas mais de 160 equipes que se arriscaram. Delas, pelo menos 14 conseguiram escalar os projetos com sucesso. No Brasil, vários hubs de inovação também surgem, conforme as áreas de atuação. As startups financeiras já dominam o mercado de crédito, devido à sua versatilidade.

Buscar colaboradores externos

Se o incentivo à formação de equipes é uma forma de investir em um ecossistema de inovação, buscar parcerias com projetos já em andamento também é bastante eficaz. Um setor que tem dominado essa estratégia é o financeiro, a partir da união dos bancos com fintechs e startups externas.

Só em 2018, segundo relatório da CBS Insights, foram mais de US $ 39,6 bilhões de investimento em nível mundial nesses projetos, vindos de empresas que enxergaram valor nas propostas apresentadas.

Se é difícil dizer quais delas realmente têm potencial para dominar o mercado, as empresas financeiras podem descobrir ao trabalhar em conjunto com as startups. Uma das vantagens é a possibilidade de realizar uma validação acelerada da escalabilidade.

Ao integrar as fintechs e seus projetos ao ecossistema e disponibilizar as plataformas necessárias, os bancos podem direcionar os projetos para encontrarem a demanda certa de mercado. Ambos os lados saem ganhando e as equipes recebem mais facilidade para criar soluções e aplicativos renomados.

Na Alemanha, por exemplo, algumas instituições se juntaram para criar e patrocinar o Copenhagem Fintech, um centro especial para a colaboração entre instituições financeiras e startups.

Essas são algumas estratégias para implementar um ecossistema de inovação na sua empresa. Abraçar as mudanças e as inúmeras possibilidades que um novo projeto proporciona é o melhor caminho para se manter competitivo em um ambiente mercadológico de constante transformação digital.

Se você quer saber mais sobre o mundo das startups, entenda como devem ser as cidades inteligentes do futuro!

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