React Native: o que é e como construir aplicações ágeis

Rogério Marques

20 março 2017 - 20:37 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:33

Pessoa escrevendo em caderno utilizando o celular

Para entender o que é React Native, primeiro precisamos falar sobre o React. De acordo com o Facebook, a empresa por trás do desenvolvimento dessa biblioteca, o React pode ser definido como uma biblioteca Javascript para se construir interfaces, e é exatamente isso que ela faz: proporciona ferramentas e padrões para um desenvolvimento mais ágil e de qualidade.

O React é baseado em três grandes conceitos, que são:

1- Declarativo

Proporciona uma facilidade para se criar interfaces de usuário (UI’s) interativas. Onde você cria pequenas views para cada estado da sua aplicação e o Core do React se encarrega de efetuar atualizações e novas renderizações quando necessário. Esse conceito torna as aplicações React mais fáceis de prever o comportamento e também de “debugar”.

2- Componentes

Desenvolva componentes pequenos e encapsulados que mantêm o seu próprio estado, e os utilize para construir UI’s ricas e complexas. Uma vez que os componentes são escritos em Javascript, você pode tranquilamente trabalhar com dados complexos na sua aplicação sem precisar se preocupar em como eles serão atualizados na DOM.

3- Aprenda uma vez, escreva em qualquer lugar

Como o React é apenas uma biblioteca e não um framework completo,ele pode ser acoplado a projetos existentes para o desenvolvimento de novas features sem a necessidade de reescrever algum código legado. Também pode ser utilizado para renderizações no servidor e desenvolvimento de aplicações multiplataforma com o React Native.

Em si, o React é apenas uma biblioteca para renderização de views, porém foi criado todo um ecossistema em volta do mesmo de forma que possuímos ferramentas para se desenvolver uma aplicação web completa. Para o desenvolvimento dos componentes é utilizada a linguagem de marcação JSX, que se assemelha bastante a um XML, porém com todo o poder do Javascript.

O fato de ser apenas uma biblioteca de renderização proporcionou aos engenheiros do Facebook a habilidade de levar o React para além da Web. A ideia de se utilizar o React e todo o seu ecossistema nas plataformas mobile surgiu em 2013 em um Hackathon interno no próprio Facebook, mas foi mostrada para a comunidade apenas em janeiro de 2015, quando também foi disponibilizado seu código fonte no GitHub.

Em um primeiro momento foi disponibilizado com APIs compatíveis apenas com o iOS, mas não demorou muito tempo para ser compatível com a plataforma Android também. Com a abertura do código fonte, cada dia que passa o framework fica mais compatível e mais fluido com as APIs nativas das plataformas que suporta.

Diversas companhias, assim como o Facebook, apostaram no React Native para o desenvolvimento de suas aplicações. Alguns aplicativos de sucesso que utilizam são:

  • Facebook – mais de 1 bilhão de instalações
  • Instagram – mais de 1 bilhão de instalações
  • Airbnb – mais de 10 milhões de instalações
  • Walmart – mais de 10 milhões de instalações

O framework possui diversas funcionalidades que auxiliam tanto no desenvolvimento, quanto na manutenção de uma aplicação em produção. Abaixo estão exemplificadas algumas delas:

Desenvolvimento paralelo: não é necessário recriar sua aplicação do zero para se utilizar o React Native. Ele pode ser facilmente integrado a uma aplicação existente para o desenvolvimento de novas features ou refatoração de features existentes.

Compatibilidade: praticamente todas as bibliotecas JavaScript existentes são compatíveis com o React.

Atualizações de APIs nativas: como você estará utilizando uma abstração das APIs nativas de cada plataforma, não é necessário se preocupar com “breaking changes” nas atualizações de versão do iOS e do Android.

Abstração de linguagem: não é necessário ficar preso ao Objective C/Swift para iOS ou Java/Kotlin para Android. É possível utilizar qualquer linguagem que compile para JavaScript, como: CoffeeScript, TypeScript, Dart, Opal (Ruby to JS), ClojureScript, ElixirScript, dentre outras.

Atualizações remotas: como o código do seu aplicativo é minificado e unificado em um único bundle, para ser interpretado em tempo de execução, é possível enviar atualizações desse bundle sem ter que passar por todo o processo de subir uma nova atualização do aplicativo para as lojas de cada plataforma.

“Hot Reload”: durante o desenvolvimento, não é necessário recompilar a aplicação novamente devido a uma pequena modificação, apenas o bundle é atualizado.

Mas nem só de coisas boas é feito um framework, todos possuem seus lados ruins também. Veja alguns dos problemas do React Native:

Navegação: a implementação de navegação dentro da aplicação é difícil e pouco intuitiva. Existem algumas bibliotecas disponíveis para facilitar o processo, porém não foi alcançada uma fluidez e facilidade como em aplicações totalmente nativas.

Estilos: a princípio é complicado entender o funcionamento dos estilos que são uma mistura de JavaScript com CSS. Posicionar uma view na tela ou aplicar algum estilo customizado pode ser bem doloroso.

Dados binários: lidar com strings, inteiros, listas e dicionários é bem fácil, porém lidar com buffers binários (resultantes de uma chamada de rede, por exemplo) é doloroso e pode ocasionar diversos problemas. Uma solução seria escrever um módulo nativo e utilizar uma abstração do mesmo a partir do React.

Para quem está iniciando o desenvolvimento com o React Native ou pensa em desenvolver uma aplicação, vou dar algumas dicas que podem facilitar bastante o processo:

  • Desenvolva e teste a aplicação em Android e iOS ao mesmo tempo. Não espere finalizar em uma plataforma para iniciar a outra, uma vez que alguns componentes e estilos têm comportamentos diferentes nas duas plataformas.
  • Utilize um linter de código. Pequenos erros de implementação e qualidade de código podem custar caro quando a aplicação estiver maior e/ou em produção.
  • Use e abuse de logs. Com muitos logs durante a renderização dos componentes fica mais fácil identificar quais componentes estão sendo re-renderizados sem necessidade e afetando a performance do aplicativo.
  • Não se esqueça dos testes unitários e de integração, uma aplicação bem testada é uma aplicação que vai dar poucos problemas em produção.
  • Separe as regras de negócio das views. As vezes é necessária a implementação de regras de negócio diferentes para cada plataforma. Isso pode ser feito dentro do próprio React Native ou utilizando módulos de código nativo em cada plataforma.

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