Como será a carreira de TI nos próximos 5 anos e em que apostar?

Rogério Marques

25 julho 2019 - 15:03 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:38

Mulher desenvolvedora de Java trabalhando

Qual será o impacto da automação? Que cargos serão criados? Ouvimos as apostas de especialistas para a nova geração da TI 

Com todas as transformações tecnológicas e as mudanças nos locais de trabalho, a carreira de TI passa por uma verdadeira reformulação. Quando se fala de TI do futuro, as pessoas normalmente imaginam funções que envolvem inteligência artificial, ciência de dados e nuvem. Sem dúvida, esses tópicos fazem parte das expectativas para o futuro, porém os especialistas também conjecturam novas funções que ainda não existem no mercado. 

Para avaliar o futuro da carreira de TI nos próximos cinco anos, analistas discutem quais serão as mudanças no ambiente de trabalho e como elas melhorarão os resultados dos negócios. Nas análises, os especialistas também levam em conta como essas mudanças podem facilitar ajustes e correções que possam beneficiar os profissionais de TI no futuro. 

Novos cargos em segurança 

É provável que o crescimento das ameaças à segurança corporativa criem novas funções para os profissionais. Para Joy Beland, diretora sênior de desenvolvimento de segurança cibernética da Continuum, essas variáveis terão impacto na cultura organizacional, e não apenas na tecnologia. “A cultura interna das empresas precisa adotar uma nova perspectiva com respeito à privacidade e à segurança”, explica. “A adoção de ferramentas e soluções cibernéticas depende totalmente disso. Creio que essa nova demanda levará à criação de um novo cargo: diretor de cultura de segurança cibernética. Os profissionais que se concentram no elemento humano da segurança cibernética serão cada vez mais procurados, já que a integração entre a política de RH, a cultura corporativa e a segurança da informação se fundem em um único papel de liderança.” 

Beland também acredita que as funções de CIO e CISO serão fundidas nas pequenas empresas, tendo em vista a necessidade de integrar supervisão de tecnologias com privacidade e segurança. “É difícil acomodar ambas as funções com o orçamento limitado de pequenas empresas”, afirmou a especialista. 

Jim O’Gorman, da Offensive Security, crê necessária a criação de novas funções de segurança, pois as demandas de operações com proteções cada vez mais complexas aumentam dia após dia, exigindo que os profissionais aprofundem seus conhecimentos em áreas específicas. 

Suporte a equipes remotas 

O trabalho remoto crescerá cada vez mais, gerando demanda para a implantação de novas ferramentas para cumprimento de prazos e metas. “Como quase 50% dos funcionários dos EUA já trabalha remotamente, a tecnologia permitirá que essa porcentagem aumente nos próximos cinco anos”, afirma Chris McGugan, vice-presidente sênior de soluções e tecnologia da Avaya. “E para que as empresas de fato colham os frutos dessa força de trabalho, será fundamental contar com gerentes de projeto que garantam a distribuição efetiva do trabalho”. 

McGugan vê, ainda, a necessidade de especialistas em TI que implementem novas soluções colaborativas que facilitem o trabalho remoto, permitindo uma contribuição mais eficaz dos funcionários para os negócios. “Esses especialistas serão necessários para a escolha dos melhores fornecedores de tecnologia, bem como para a correto funcionamento dos sistemas”, diz. 

Michael Cantor, CIO da Park Place Technologies, vislumbra outro aspecto que impulsionará o avanço do trabalho remoto. “O crescimento dos trabalhadores aposentados também dificultará a aquisição de talentos à medida que escasseia a mão de obra, facilitando a aceitação de formas de trabalho alternativas”, considera o executivo. Apesar disso, Cantor não espera grandes mudanças dos planos de carreira, apenas o surgimento de novos padrões de trabalho para os interessados.

Democratização do desenvolvimento de dados e aplicativos 

Steven Hall, sócio e presidente do ISG, espera ampla adoção de ferramentas que ajudam funcionários a desenvolver aplicativos e dar sentido ao big data. “De modo geral, vemos uma desindustrialização e descentralização da TI. A tecnologia está acessível a todos, com milhares de SaaS e micro serviços disponíveis para iniciantes”, relata o especialista. 

Para ele, há uma tendência emergente: o surgimento de plataformas e ferramentas Low-Code, que torna a ciência e a análise de dados mais acessíveis às empresas. 

“As habilidades de TI estão mudando drasticamente, porém de maneiras interessantes. As soluções Cloud e SaaS com recursos de Low-Code ou sem código simplificam o desenvolvimento de softwares. As organizações estão migrando para soluções de PaaS, como ServiceNow e Force.Com, de modo a desenvolver rapidamente aplicativos com suporte de TI limitado”, observa. “Desenvolvimentos rápidos na visualização de dados através do uso de ferramentas como Microsoft BI, Tableau, Domo, etc., transferiram funções tradicionais de relatórios de TI para os setores de negócio, em que profissionais de toda a organização podem analisar os dados facilmente com recursos visuais extremamente sofisticados.” 

Contratações de especialistas 

Andres Rodriguez, CTO da Nasuni e ex-CTO do The New York Times, diz que há necessidade cada vez maior da contratação de cientistas de dados com habilidades específicas. “Vemos empresas relativamente pequenas se especializarem em setores específicos como produtos farmacêuticos, transporte, logística etc.”, relata Rodriguez. Com o investimento em especialistas, as análises de dados podem ser adaptadas de forma simples, de acordo com a demanda dos clientes. 

O impacto da automação 

A automação já está transformando os fluxos de trabalho, e a confiança nas tecnologias gera um aumento na demanda por profissionais capacitados para lidar com as mudanças de papéis impostas pela digitalização. Cathy Southwick, CIO da Pure Storage, espera um grande crescimento da automação no futuro, mesmo em pequenas e médias empresas. “Eles podem automatizar muito do que é necessário desde uma perspectiva de TI – desde listas de distribuição de e-mail até permissões de aplicativos”, explica a especialista. “Isso pode parecer trivial, mas o volume desse tipo de trabalho é muito grande quando feito manualmente.” 

Chatbots também ajudam a reduzir a carga de trabalho dos profissionais de TI. “Um colaborador pode ser atendido por um bot para fazer uma redefinição de senha ou solicitar uma licença de software. Isso economiza tempo tanto do funcionário que é o usuário final como para o funcionário de TI, que é liberado para lidar com tarefas mais importantes”, diz Southwick. “Isso também gera uma experiência melhor para os funcionários, pois eles podem ter suas solicitações resolvidas em questão de minutos pelo uso da tecnologia.” 

Sobre o assunto, Wendy Pfeiffer, CIO da Nutanix, afirma que as ferramentas de aprendizado de máquina de sua empresa já resolvem quase um terço de suas solicitações de help desk. “Neste novo ambiente de TI, o que será mais demandado são as habilidades que cercam a IoT e a computação de ponta. Até 2021, a Cisco prevê que os dispositivos de IoT produzirão aproximadamente 850 zettabytes de dados por ano, ou mais de 40 vezes a informação gerada pelos data centers do mundo. As equipes de TI precisarão de pessoas, ferramentas e estratégias certas para coletar e analisar esses dados.” 

Muitos profissionais de tecnologia acreditam que a automação pode reduzir a quantidade de trabalho das pessoas. Outros entendem que o processo depende diretamente da adaptação dos profissionais às inovações. “A aprendizagem de máquina e a IA serão cada vez mais usadas para maximizar as capacidades das empresas, levando os empregadores a contratarem mais para áreas que exigem atuação humana de alto nível”, alerta Chris Murphy, da ThoughtWorks. “É claro que a desvantagem dessa mudança é o risco de esvaziar a base de funcionários para a manutenção dos mais altamente qualificados, o que pode, no final das contas, exacerbar a desigualdade entre os trabalhadores.” 

Para alguns analistas, a automação de processos e a inteligência artificial também podem assumir trabalhos técnicos antes considerados como apostas seguras para longas carreiras em TI. 

Profissionais especialistas em IA e serviços cognitivos 

Embora grande parte das indústrias busque incorporar a inteligência artificial, Ben Lorica, cientista-chefe de dados da O’Reilly, diz que profissionais com conhecimento específico em IA serão muito demandados no futuro. “A IA depende não só de dados, mas também de conhecimento para produzir informações de alta qualidade”. 

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Sem domínio na área, muitas empresas continuarão tendo dificuldade para encontrar as tecnologias corretas para alavancar os negócios. Dessa forma, especialistas acreditam ser fundamental adquirir conhecimento e experiência no assunto, já que as tecnologias da geração atual de IA ainda precisam ser ajustadas para aplicações específicas. 

Novas formas de trabalhar 

As empresas que não reconhecem que a nova geração de trabalhadores deseja novas formas de atuar perderão a concorrência, argumenta Neerja Sabharwal, chefe de nuvem e big data da Xavient Information Systems. “Já vemos os efeitos claros dessa nova geração, com funcionários mais jovens exigindo oportunidades para compartilhar suas opiniões e influenciar a tomada de decisões, trabalhando de forma mais colaborativa em toda a organização e participando de planos personalizados de aprendizado e desenvolvimento para avançar em suas carreiras.” 

Com a geração mais jovem de profissionais de TI chegando ao seu auge nos próximos cinco anos, a expectativa é de que as empresas alterem a forma como o setor funciona. “Se os empregadores não puderem atender às suas necessidades, fornecendo melhores locais de trabalho, cultura, tecnologia e outros incentivos, eles começarão a experimentar taxas de desgaste cada vez maiores, o que será exponencialmente problemático, dadas as habilidades escassas de TI”, defende Sabharwal. “A geração do milênio e suas preferências por formas diferentes de trabalho serão um dos maiores fatores da configuração dos locais de trabalho e das carreiras nos próximos 5 a 10 anos.”

Esse artigo foi traduzido e adaptado do original “What an IT career will look like in 5 years“, de Paul Heltzel publicado no CIO.com.

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