Banco 4.0: Brasil se prepara para receber o Open Banking

Bruno Zago

12 fevereiro 2020 - 09:05 | Atualizado em 18 maio 2023 - 17:42

Pessoa utilizando celular com símbolos digitais projetados

Com a transformação digital, a história dos bancos alcançou um novo capítulo, uma nova fase onde a tecnologia provoca a disrupção do setor. Toda essa mudança abriu espaço para o conceito do Open Banking. O novo Banco 4.0 vem aí, prometendo a diversificação do setor.

O Open Banking visa unir players do setor financeiro para gerar mais agilidade e uniformizar as atividades bancárias, voltando às aplicações que as empresas de tecnologia desenvolvem para o setor financeiro. A ideia é projetar e incentivar a criação de APIs e aplicativos que permitam acessar dados bancários de forma digital.

Nesse sentido, surgiram alguns questionamentos sobre o assunto, como qual é o real impacto da transformação digital no setor financeiro e como o país está absorvendo essa nova tendência. Para saber mais, continue lendo para ficar por dentro do que o nosso time de especialistas pensa sobre o assunto.

 

Pessoa analisando dados financeiros no computador portátil sobre a mesa.

Impacto da transformação digital no mercado financeiro

Mesmo com o advento da Era Digital, as instituições financeiras se mantiveram resistentes às mudanças e benefícios que a tecnologia pode trazer. Isso até a página dois, quando começaram a surgir as fintechs e startups voltadas para o setor financeiro.

A China deu um passo à frente e trilha um caminho acelerado rumo à economia sem moeda física, contando com o apoio das empresas de tecnologia. Só as ferramentas WeChat da Tencent e AliPay da Ant Financial são responsáveis por um expressivo índice de 92% dos pagamentos chineses.

Um grande impacto da transformação digital para o setor foi esse aumento de competitividade. Afinal, se já usamos a internet para praticamente tudo, por que não digitalizar também nossas finanças?

Para os bancos e instituições tradicionais, não era tão simples assim. O mecanismo financeiro é muito antigo e aplicar inovações como um sistema cognitivo para mudar um modelo consolidado seria muito complexo e custoso.

Desde a chegada do e-commerce, essa resistência à mudança já era percebida. Havia uma movimentação que buscava referendar a necessidade de serviços físicos. Aqui, víamos desde operações somente executadas nas agências até a exigência de uma assinatura em papel para oficializar as contratações de serviços e produtos.

Porém, com a evolução acelerada de outros setores, o modelo antiquado dos bancos e instituições financeiras tornou- se cada vez mais evidente. Eles teriam que aceitar a chegada da transformação digital por bem ou por mal.

E eis que vieram novos players com serviços inovadores que conquistaram o público, como a abertura de contas digitais. Aos bancos, só restava se inserirem ao movimento que as fintechs iniciaram no setor.

 

Pessoa tomando café e analisando dados financeiros pelo celular.

A chegada das fintechs e o desafio de inovação

As fintechs surgiram justamente para aproveitar um nicho que falhava em encontrar suas necessidades atendidas, oferecendo soluções que tornam pagamentos mais eficientes e serviços mais acessíveis

Elas conquistaram um público que cresceu exponencialmente e abriu os olhos dos bancos tradicionais. Faltava alguém que pudesse levar uma experiência de serviços financeiros com mais mobilidade.

Essa competitividade despertou a necessidade de os bancos se reinventarem e acompanharem as transformações. Hoje, essas instituições já se esforçam para aderir às plataformas digitais, buscando soluções disruptivas.

Com a presença de tecnologias como inteligência artificial, assistentes de voz e chatbots, há um vasto espaço para inovar, criando interações diferenciadas para os usuários. Perguntar qual é o saldo bancário e obter a resposta pelo celular parece muito simples hoje, mas isso é graças às influências da transformação digital.

Foi esse cenário que deu espaço ao Banco 4.0. Há uma busca por mais engajamento com o público a partir de APIs específicas, visando ao aumento de vendas de produtos e serviços e destaque no mercado.

A palavra-chave é inclusão financeira. É importante pensar em como incluir no sistema quem não tem acesso a uma conta bancária. Hoje já não precisamos sequer de uma agência física para isso. O uso de smartphones se popularizou bastante, sendo a oportunidade ideal para expandir o alcance dos serviços financeiros.

Como funciona a mudança para o Banco 4.0?

A chegada do Open Banking vem com uma regulamentação específica a ser seguida. No Brasil, as diretrizes foram apresentadas pelo Banco Central no dia 24 de abril de 2019. As normas foram criadas em acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, respeitando o uso consciente das informações bancárias dos consumidores.

É o cliente que determina quando seus dados poderão ser usados. Isso inclui desde os dados pessoais de cadastro a informações referentes ao consumo de produtos e serviços, transações realizadas e serviços de pagamentos. 

A ideia é que o consentimento envolva um processo com experiência do usuário simplificada, eficiente e segura. Nesses moldes, o Open Banking no Brasil foi iniciado nos últimos anos.

Chegar a uma regulamentação ideal é um dos grandes desafios do Banco 4.0. Afinal, deve-se determinar especificamente quais dados podem ser compartilhados, permitindo que as empresas de tecnologia possam continuar a inovar.

 

Tela de computador com cursor sobre a palavra segurança.

Os desafios e expectativas para as mudanças do modelo financeiro

Se a regulamentação é pauta para a chegada do Open Banking, os desafios e expectativas também giram em torno da padronização dos sistemas e da segurança para os consumidores.

No primeiro aspecto, temos um ponto importante: a maioria dos sistemas bancários brasileiros usa um padrão diferente de API. Isso impede que muitas plataformas financeiras possam se conectar com todas as instituições ao mesmo tempo.

Assim, o desafio é conseguir integrar todos os bancos em uma única plataforma. A padronização será uma missão trabalhosa, mas, com o tempo, o setor financeiro conseguirá superar essa barreira.

Já a segurança de dados sempre foi um fator de extrema importância para o setor bancário. Qualquer sistema que ofereça serviços financeiros precisa garantir a proteção dos dados do consumidor, evitando exposição de informações da conta. 

Faz parte da missão dos bancos e fintechs prepararem seus sistemas para evitar riscos de ataques e vazamentos dos dados.

Especialistas afirmam que o futuro das instituições financeiras é aberto, com a presença de tecnologias como Machine Learning, Big Data e IoT cada vez mais presentes no seu dia a dia, e isso está intimamente ligado à segurança e privacidade de dados. 

As perspectivas para o futuro do banco aberto é que o modelo possa guiar a sociedade para um contexto onde já não exista necessidade de cartão físico ou mesmo de agências. Até a aprovação de crédito deve ser acelerada, ao ponto de ser realizada instantaneamente.

Países como a China já se encontram próximos desse contexto. Se hoje as pessoas buscam cada vez mais soluções digitais, é bem provável que um dia, de fato, a transformação digital torne o sistema bancário totalmente online.

Dessa maneira, as instituições que demorarem muito para se adequar às novas demandas, muito provavelmente perderão seu lugar no mercado. Basta olharmos para empresas tradicionais que perderam o ritmo da inovação e fecharam as portas — Blockbuster e Kodak são exemplos clássicos — para entender que essas não são especulações, mas previsões embasadas em casos reais.

Em suma, as instituições financeiras precisam acelerar o ritmo de inovação e acompanhar as mudanças necessárias para entrarem de cabeça no Banco 4.0. Quer entender mais sobre o assunto? Então acompanhe o nosso blog com as novidades do Open Banking!

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